MÁQUINAS DE VER - Máquina Lúdica
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MÁQUINAS DE VER

O princípio básico das oficinas Máquina de Ver é estabelecer a brincadeira como processo de aprendizado audiovisual e de autonomia intelectual, estética e cultural, como uma fonte de conhecimento a serviço da formação do indivíduo, do cidadão, do coletivo e da sociedade. As Máquinas descritas abaixo, sintetizam a minha experiência acumulada em diversas oficinas de alfabetização audiovisual que venho praticando nos últimos anos. Fazem parte de uma pesquisa sobre brinquedos, brincadeiras, traquitanas e dinâmicas, que utilizo como dispositivo para estimular o uso da narrativa audiovisual em atividades coletivas que envolvem o processo educativo de crianças, jovens e adultos.

A construção de objetos ópticos, câmeras e outras traquitanas, construídas à partir de material reciclado, é um processo eficiente para entender o papel da luz na formação da imagem e o papel da câmera no processo de captura e registro dessa imagem pela fotografia.

Fotografia Giselle Pungan

CAIXA OBSCURA

A caixa obscura ou caixa escura, possui um orifício por onde entra a luz, uma tela de papel vegetal no seu interior, onde a imagem se forma e uma abertura, por onde se observa a imagem formada na tela.

A caixa obscura nos permite explorar conceitos da fotografia e nos faz refletir sobre como a imagem se forma na retina do olho humano e como imagem é registrada pela câmera fotográfica Por que a imagem se forma invertida e de ponta-cabeça?

Pode-se explorar outros fenômenos da fotografia interferindo no tamanho do orifício por onde entra a luz. Quanto menor for o orifício, menor será a luminosidade da imagem, porém maior será sua definição.

Ao posicionar uma lupa diante do orifício, pode-se ampliar o tamanho da imagem e perceber o fenômeno da profundidade de campo. A imagem terá foco apenas no ponto de convergência da lente, ou seja, a tela precisa estar posicionada numa determinada distancia do orifício para ter foco, em qualquer distância diferente desse ponto de convergência, a imagem estará desfocada.

CÂMERAS PINHOLE

A câmera pinhole captura imagens por um mecanismo rudimentar, que permite a a entrada de luz através de um pequeno orifício chamado pinhole (buraco de alfinete), que tem a função de regular a quantidade de luz que entra na câmera e o tempo de exposição.

Comparar a imagem fotográfica, que se forma na câmera (invertida e de cabeça para baixo), com a imagem que se forma na retina do olho humano é o ponto de partida que permite compreender os princípios básicos da luz e da formação e captura da imagem. Pode-se estabelecer parâmetros fotográficos para medir a quantidade de luz, tempo de exposição e noções de enquadramento para entender as nuances da luz, na criação de atmosferas distintas entre o claro e o escuro e perceber como isso pode influenciar na dramaturgia audiovisual.

PINHOLE P&B (com papel fotográfico)

A câmera consiste numa caixinha feita de papelão, que registra a imagem em papel fotográfico preto e branco que fica posicionado dentro da caixa, na parede oposta ao orifício de entrade de luz. O papel deve ser introduzido na câmera dentro de uma sala escura. A luz que entra pelo pinhole sensibiliza os cristais de prata contidos no papel fotográfico. Para revelar a imagem registrada no papel fotográfico, utiliza-se um minilaboratório, que deve ser vedado, para não permitir a entrada de luzes externas, e iluminado apenas por uma lâmpada vermelha. No processo químico, o papel fotográfico passa por três banhos. O primeiro é o revelador, que reage com os cristais de prata, que foram sensibilizados pela luz, nessa etapa, nota-se que quanto for maior for a luminosidade, mais escura ficará a imagem, nas regiões pouco expostas pela luz, o papel ainda continuará fotossensível, ou seja, branco, portanto, no final do processo teremos uma imagem negativa. O segundo banho é o interruptor, que paralisa o processo iniciado pelo revelador. No terceiro banho, o fixador, tem a função de eliminar as partículas fotossensíveis, que não foram estimuladas pelas radiação da luz. No final do processo lava-se o papel com água corrente e prende-o num varal para secá-lo. Para facilitar a observação, utiliza-se um aplicativo de fotografia para positivar a imagem.

PINHOLE COLORIDA (com filme negativo)

Feita com uma caixinha de fósforos, a câmera pinhole colorida consiste num mecanismo com duas bobinas, fixadas uma de cada lado da caixinha. A primeira contém o negativo (filme de película utilizado pelas antigas câmeras fotográficas, com versões de 12, 24 ou 36 poses) e fica posicionada numa das duas aberturas da caixinha. O filme passa por dentro da caixinha e na abertura oposta instala-se a segunda bobina, vazia, que tem a função de armazenar os trechos da película que forem expostos.

A luz entra pelo pinhole e sensibiliza o filme, posicionado na parede oposta ao orifício, que registra a imagem. Depois de expostas todas as poses do filme, basta enviá-lo para um laboratório expresso, que revela e amplia as imagens em papel fotográfico em apenas uma hora.

TAUMATRÓPIO

O brinquedo foi inventado em 1824, para comprovar o fenômeno da persistência retiniana na visão humana e se tornou popular na Europa. O brinquedo é feito com um pedaço de papel retangular (10x5cm). Dobre ao meio para formar uma figura quadrada; desenha-se um desenho de cada lado do papel, por exemplo: um peixe e um aquário. Com uma com fita adesiva, cola-se o quadrado na ponta de um lápis, de forma que pareça um pirulito; Para brincar, posiciona-se o lápis entre as palmas da mão e gira-se para frente e para trás, quando observa-se a fusão das duas imagens, no exemplo acima, o peixe dentro do aquário.

ZOOTRÓPIO

O zootrópio foi um brinquedo muito popular no início do século XIX, pois revolucionou os estudos sobre persistência retiniana. O aparelho inventado por Willian George Horner em 1834, inovou tecnologicamente, em design, e possibilitou múltiplas animações. Transformou a sensação da ilusão em uma experiência coletiva.

O zootrópio é constituído por um tambor que gira sobre um eixo central. A parte superior do cilindro é aberta para permitir a entrada luz. Na parte redonda do cilindro recortar pequenas janelas equidistantes. Coloca-se na parte interna do cilindro, uma tira de papel, com uma sequência de imagens. Para criar a ilusão do movimento gira-se o tambor e observa-se através das fendas recortadas.

Sequência de 20 desenhos de Teresa Mai.

FLIP BOOK

O flip book consiste numa sequencia de imagens desenhadas em tiras de papel sobrepostas e grampeadas. Esse brinquedo também conhecido como livro mágico, se tornou muito popular no final do século XIX e início do XX, mas até hoje é diversão garantida para crianças e adultos. É fácil brincar, basta desenhar uma sequencia de imagens, uma em cada folha do bloco, sempre tendo como referência a imagem anterior. Depois de pronto, o observador experimenta uma ilusão de movimento quando as tiras são folheadas. Também é possível utilizar sequencias de fotografias ou colagens de papel no lugar dos desenhos.

MÁSCARA DA PERCEPÇÃO

A máscara, feita de papel, limita o campo de visão e permite explorar o espaço ao redor, através dos limites que ela impõe. O seu uso causa um efeito de confusão, pois percebe-se a formação de duas imagens separadamente: a que se forma na retina do olho direito e a que se forma na retina do olho esquerdo. É interessante refletir sobre como o cérebro processa essas imagens e as fundem numa só.

LUNETA FEIXE DE LUZ

Feita com tudo de papelão reciclado, uma tela de papel vegetal e uma lente de lupa, que permite observar a imagem que se forma na tela, que deve estar posicionada no ponto de convergência da lente.

OLHO AGUDO

Feita com um cone de trânsito, uma tela de papel vegetal e uma lente de lupa, que permite observar a imagem que se forma na tela, que deve estar posicionada no ponto de convergência da lente.

PERISCÓPIO

Feito com três pedaços de tubo PVC, dois cotovelos PVC e dois espelhos o periscópio permite explorar o espaço e entender o conceito de ponto de vista, pois o observa-se o ambiente a partir dos limites que o jogo de espelho impõe.

NÓ EM PINGO D’ÁGUA

Uma brincadeira simples e interessante. Dá-se um nó num pedaço de fio de cobre bem fininho e com a mão molhada, pinga-se uma gota de água, que ficará acomodada em cima do nó. Ao olhar através da gota, observa-se um efeito de distorção da imagem.